Gaza: "Crianças estão morrendo de fome": População do enclave está em "ponto de ruptura", segundo ONU

A Faixa de Gaza, onde a ONU declarou estado de fome , atingiu um "ponto de ruptura", disse Cindy McCain, chefe do Programa Mundial de Alimentos (PMA), na quinta-feira, após uma visita ao local. "Conheci crianças morrendo de fome e recebendo tratamento para desnutrição grave, e vi fotos delas quando estavam saudáveis. Elas estão irreconhecíveis", disse a chefe da agência da ONU sediada em Roma, em um comunicado. "O desespero está no auge e eu o testemunhei em primeira mão", acrescentou.

As declarações foram feitas enquanto Israel intensificava suas operações ao redor da Cidade de Gaza na quarta-feira, apesar da pressão internacional para encerrar sua ofensiva, denunciando as acusações de fome da ONU como "fabricadas".

Cindy McCain viajou para Deir el-Balah, onde visitou uma clínica que mantém crianças desnutridas vivas e se encontrou com mães deslocadas que lhe contaram sobre sua luta diária pela sobrevivência. Ela também foi a Khan Younis. "Precisamos urgentemente poder reiniciar nossa vasta e confiável rede de 200 pontos de distribuição de alimentos em toda a Faixa de Gaza, cozinhas comunitárias e padarias", disse ela. "É urgente que as condições adequadas estejam disponíveis para que possamos ajudar os mais vulneráveis ​​e salvar vidas."

Além da Faixa de Gaza, a chefe do PMA também visitou Israel, onde se encontrou com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu , e Ramallah, onde se encontrou com o primeiro-ministro palestino Mohammad Mustafa. "O que precisamos é de um cessar-fogo. Meu coração está com as mães em Gaza, bem como com as mães dos reféns israelenses, cujos filhos estão morrendo de fome neste momento. Basta", disse McCain.

Após proibir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza em março, Israel permitiu seu retorno em maio, embora as agências humanitárias a considerassem amplamente insuficiente. Em 22 de agosto, a ONU declarou oficialmente a fome no território palestino e atribuiu a responsabilidade a Israel, com base em um relatório da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), uma agência mandatada pela ONU.

Israel exigiu na quarta-feira que "o IPC retire imediatamente seu relatório fabricado". Imagens mostram palestinos, muitos deles crianças, entregando potes vazios a instituições de caridade para obter alimentos em diversas áreas da Faixa de Gaza quase diariamente.